Boiava
sem precisar
confundia meu corpo com mar
nem pensava
me encontrava sempre nesse
não-lugar
entre dois fluxos
que dançam juntos e contra,
repousa o olhar ou arrebenta.
Nadava
sem temer
vivia com meu corpo no mar
nem cogitava
afogar nesse mundo que chamei de lar
meu lugar
entre tantos fluxos
que embalam juntos e contra,
revolta o olhar ou acalanta.
Lembro que não sou medida
de força pra tanto mundo
é muito vasto e tão profundo
que é bem comum não dar pé, peso quando me inundo
perco o fôlego contra a maré. Flutuar é aceitar o balanço
pra não cair eu danço
a densidade me leva,
me lanço
no improvável balé. Seja haole ou mané
é o mar que escolhe
se afunda
ou fica de pé.
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“Mar”, poesia e ilustração de @marceloparaujo